Transcrever Summer Lab 2015

Setembro 2015

Formas de Olhar e Representar a Veiga de Penso em Braga

"Transcrever: Formas de Olhar e Representar a Veiga de Penso em Braga" foi um workshop Internacional desenvolvido na Veiga de Penso em Braga, Portugal em 2015.

Estudantes de diversas áreas disciplinares (Arquitetura, Arquitetura Paisagística, Geografia, Belas Artes, etc) foram chamados a estudarem a paisagem de Veiga de Penso, através de uma vivência imersiva e de uma interação direta com os seus espaços, processos e comunidade. O principal objetivo do workshop foi de catalisar um debate multidisciplinar entre os diversos agentes existentes na Veiga de Penso - a comunidade local, as Juntas de Freguesia e o Município de Braga - de forma a ativar e tornar visível novas narrativas e formas de ver este território específico. Através de uma aproximação experimental ao lugar, construiu-se neste workshop uma metodologia que permitiu a descoberta de dados sobre a paisagem e a cultura de Vale do Penso, e que resultou consequentemente em projetos distintos que se debruçam sobre especificidades encontradas no lugar.

No final do workshop, organizou-se uma exposição pública dos resultados no edifício GNRation, um centro cultural e hub de empreendedorismo no centro de Braga.

ORGANIZAÇÃO

Space Transcribers
Escola de Arquitectura da Universidade do Minho
Câmara Municipal de Braga

DATA

7 a 12 de Setembro de 2015

LUGAR

Veiga de Penso, Braga, Portugal

TORNAR VISÍVEL

A análise da cartografia da Veiga revelou a existência de uma importante rede hidrográfica.
A topografia desta região: A floresta no topo das montanhas funciona como um ninho para este vale. A agricultura marca a área mais baixa que à medida que se torna irregular começa a ser ocupada por habitações.

A água é o elemento que liga, cruza e sustenta todas as actividades.
No entanto caminhando pelo lugar, apercebemo-nos que a água é quase imperceptível.
Como manifesto, propomos um filme, como um inquérito de um testemunho das experiencias deste local.
O objectivo deste filme é revelar a existência do sistema de água desde o topo até terra baixa, e de uma escala para a outra.
Água pode ser uma gota.
Água pode ser um rego.
Água pode ser uma vala.
Água pode ser um riacho.
Água pode ser um sistema de rega. Água pode ser um tanque.
Água pode ser um poço.
Água pode ser um rio... água está em todo lado.
Água é essencial à vida.
... Processo

Primeiro começamos por procurar água na floresta. Seguimos algumas pistas: regos, rochas, tubos... na expectativa de a encontrarmos.
Desapontados, depois do primeiro dia, sem água... sedentos, decidimos questionar alguns habitantes.
De onde vem a água?
Conhecemos um sapateiro, uma dona de casa, um homem reformado e imensos agricultores... todos eles nos explicaram a importância da água para a Veiga. Lentamente, começamos a entender as conexões escondidas na paisagem, seguindo as marcas do solo e da vegetação.

Água esculpe a paisagem.
Água desenvolve a economia.
Água cria ligações entre as pessoas.
A água é mantida graças às pessoas desta região por usar, limpar, restaurar e preservar todas as diferentes estruturas.
Amanhã, quem irá tomar conta da água?

FORMATO

Vídeo (8:02 min). Imagens gravadas pelos vários participantes com smartphones e máquinas fotográficas digitais. Mapa com estruturas de água.

MONITORES

Amélie Fontaine
Eduardo Ferreira

PARTICIPANTES

Adeline Tallet
Mathias Coutant-Tisic
Pedro Guedes
Joana Vieira
Patrícia Monteiro

THE CORNSCAPE

Esta extensa região é caracterizada por um conjunto de condições favoráveis, levando à fixação de diversos povoados ao longo dos tempos. Durante muito tempo esta área era explorada para uma produção doméstica de produtos agrícolas como o centeio, as uvas e pomares que definiam a paisagem da região. O surgimento das primeiras vacarias conduziu à necessidade de produção de milho, em campos numerosos e de grande escala, que rapidamente tomaram posse da paisagem actual.

O presente trabalho baseou-se no milho, como identidade vincada à atual paisagem da Veiga. Como tal, pretende-se compreender e representar a dinâmica que se encontra inerente à paisagem do milho. De modo a representar esta temática optou-se por traduzir o processo científico através de uma experiência sensorial. Para tal, foram respigadas in situ ao longo de um percurso pré-definido “amostras da veiga”, como solo, água, diversas partes da planta do milho, azevém, ração para as vacas, estrume, entre outros elementos. Este processo permitiu não só uma aproximação aos habitantes da Veiga de Penso como também reflecte a intenção de tornar visível e palpável todo o processo de produção do milho nesta paisagem: constrói-se assim um arquivo de amostras colectadas ao longo da Veiga. Acompanhando este arquivo, é apresentado o processo do mesmo: o acto de respigar de cada amostra recolhida neste território, torna-se também ele visível através de video.

Para além de uma representação sensorial e processual, foram realizados diagramas que pretendem mapear o processo de transformação da paisagem. Entendeu-se este processo como um ciclo temporal estruturado segundo conceitos-chave: “solo”, “milho”, “silo” e “vacas”, aos quais estão associados as atividades económicas e sociais relativas a cada um destes conceitos, assim como a sua duração/importância neste território ao longo da duração de um ano de produção.

Em suma, CornScape não é mais que a representação interpretativa de um olhar especifico construído sobre o Vale do Penso, onde através de uma análise ao lugar, da interacção com a comunidade; do respigar de amostras in situ e do mapeamento de processos aparentemente “escondidos”, se evidencia a economia, as dinâmicas e os agentes inerentes à construção desta paisagem.

FORMATO

Amostras de recolhas agrícolas e naturais em frascos de vidro;
Painel com diagrama;
Vídeo (3:34 min).

MONITORES

Fernando P Ferreira
Sara Ferreira

PARTICIPANTES

Leslie Jacquemart
Mariana Arantes
Olavo Franco
Iolanda Marques
Filipa Alves
Ivo Rodrigues
Ana Gonzalez

Instagram do projeto: @corn_scape

MANIFESTO DA DIVERSIDADE

Uma observação abstrata, um olhar privilegiado, um mapa de fragmentos.
Através de uma perceção teórica de diversidade de relações entre os vários elementos que constituem a Veiga, pretende-se representá-la. Como base, o esqueleto deste território, contituida pela topografia e estrutura parcelar, e e os diferentes tipos de intenções e necessidades que lhe dão forma. Entende-se a importância que o contexto em que a Veiga de Penso se encontra tem na sua definição através da correlação dos vários processos que nela existem.
Assim sendo, demonstra-se a variedade de fragmentos numa terra comum e cria-se uma collage, reproduzindo a presente diversidade e dinâmica da Veiga.

FORMATO

Estrutura de madeira com colagem de fotografias em acetato.

MONITORES

Daniel Correia
Daniel Duarte Pereira
Flavia Larocca

PARTICIPANTES

Antoine Pierron
Jeane Penichou
Paula Martins
Anthony Faria
Cátia Chaves

VEIGA AGORA

O conceito começa com uma reflexão acerca da dualidade urbano-rural, onde se põe em questão a necessidade de categorizar o território desta forma. Esta taxonomia transporta consigo símbolos e modos de vida preconcebidos associados a cada um, que hoje em dia se justapõem ou, nalguns casos, se fundem. Na Veiga de Penso e genericamente em toda a região Minhota, senão em todo o Norte Português, a convivência de campos arados de modo artesanal com terrenos relvados pensados para o lazer mostra quão imprecisa é essa separação.

Assim, pode concluir-se que, aquilo que vulgarmente se denomina perímetro urbano não é, na realidade, um caraterizador territorial claro. Associada está presente uma opinião generalizada de que as áreas de baixa densidade são menos valiosas, por serem áreas marginais ou por não se inserirem nas malhas urbanas.

Pretende-se despertar uma noção não apenas social, mas cultural e económica, que atenue de forma interventiva e provocante a ideia de que o solo agrícola é pouco produtivo. O objetivo final é profundir uma ideia de território uniforme que se baseia nesta multiplicidade de elementos distintos justapostos para diminuir a distinção referida e a preconceção associada às atividades exercidas no solo.

Utilizou-se um paralelismo entre a terra e o seu valor produtivo, tendo-se especificado diretamente as quantidades que é possível colocar em 1 m2. Verifica-se um enfoque em terrenos que estão infraestruturados para habitação, sem que tenham sido construídas ou ocupados, para reclamar esta mudança de mentalidade.

FORMATO

4 paineis A2 e reprodução da acção ocorrida na Veiga de Penso. Vídeo em dois actos.

MONITORES

Belen Zevallos
Tiago Silva

PARTICIPANTES

Anne Bausson
Fernando Vieira
Rasha Askar
Diana Araújo
Cristina Silva
Carla Ferreira
Diogo Matos

Ficha Técnica

Transcrever Summer Lab 2015 – Formas de olhar e representar a Veiga de Penso em Braga.
7 a 12 de Setembro de 2015

Organização
Space Transcribers
Escola de Arquitectura da Universidade do Minho
Câmara Municipal de Braga – Pelouros da Regeneração Urbana, Património, Ligação à Universidade e Planeamento, Ordenamento e Urbanismo

Coordenação
Belen Zevallos, Space Transcribers
Daniel Duarte Pereira, EAUM, Space Transcribers

Apoio de coordenação
Orlando Jorge

Participantes
Mestrado Integrado em Arquitetura, Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
Anthony Faria, Carla Ferreira, Cristina Silva, Diana Araújo, Fernando Vieira, Filipa Alves, Iolanda Marques, Ivo Rodrigues, Joana Vieira, Mariana Arantes, Olavo Franco, Paula Martins, Pedro Guedes, Rasha Askar

Arquitetura Paisagista, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Ana Gonzalez, Cátia Chaves, Diogo Matos, Patrícia Monteiro

Arquitetura e Paisagem, École Nationale Supérieure d'Architecture et de Paysage de Lille
Adeline Tallet, Anne Bausson, Antoine Pierron, Jeane Penichou, Leslie Jacquemart, Mathias Coutant-Tisic

Monitores
Amélie Fontaine, arquitetura e paisagem, ENSAPL
Belen Zevallos, arquitetura e participação, Space Transcribers
Daniel Correia Fernandes, videografia e multimédia
Daniel Duarte Pereira, arquitetura e representação, Space Transcribers
Eduardo Ferreira, geografia e música
Fernando P Ferreira, arquitetura e arte, EAUM
Flavia Larocca, storytelling
Sara Ferreira, arquitetura
Tiago Silva, arquitetura e planeamento, CM Braga

Pequenos-almoços criativos
Ana Patrícia Gomes, arquitetura e participação, Prosaico Coletivo
André Castanho, arquitetura e fotografia
Cidália Ferreira Silva, arquitetura e estudos do tempo, EAUM
Francisco Costa, arquitetura e participação, Prosaico Coletivo
João Maia, arquitetura e som
Luís Lima, arquitetura e participação, Prosaico Coletivo
Pedro Galego, arquitetura e participação, Prosaico Coletivo

Aulas abertas
“Território de Saúde Alimentar” por Vincenzo Riso, arquitetura, EAUM
“A Paisagem da Vaca” por Álvaro Domingues, geografia, FAUP

Críticos das sessões de trabalho
Escola de Arquitectura da Universidade do Minho
Cidália Ferreira Silva
Marta Labastida
Rute Carlos

Câmara Municipal de Braga
Miguel Bandeira, geografia
Fátima Pereira, arquitectura

Espaço de trabalho e campismo
Complexo desportivo e Sede da Junta de Freguesia de Penso S. Vicente

Apoio local
União de Freguesias de Escudeiros e Penso (S. Vicente e Sto. Estevão)
Presidente Orlando Gomes, Rui Pereira, Pedro Faria

Junta de Freguesia de Lamas
Presidente João Alves, Sérgio Oliveira, José Ferreira,

Junta de Freguesia de Esporões
Presidente João Oliveira

União de Freguesias da Morreira e Trandeiras
Presidente Manuel Martins, José Dias

Junta de Freguesia de Figueiredo
Presidente Marco Oliveira, João Marques

Agradecimentos
Gonçalo Marques, Eng. Agrónomo
Comunidade de Veiga de Penso
Oficina de Carpintaria Márcio e Avelino Lda.
Oficina de Carpintaria Oliveira e Filhos. Lda.